A Rede Globo tem uma força descomunal e domina e
define os comportamentos da maioria da população. Numa parte do tempo, ela
mostra seus programas - Na outra, ela os comenta e induz o público à audiência...
dos programas! Direta e indiretamente, não há como escapar deles. O crescimento
da rede coincide com o do período militar. Tudo dentro dos conformes. Big
Brother Brasil é, pois, só mais um dreno por onde milhões de reais “escorrem”
todos os dias para os cofres da empresa. BBB vende e pronto. Muita gente
compra, assiste, comenta, participa, valoriza, sofre, grava os pensamentos e
reflexões para si, todos os participantes têm, pois, muito mais do que os “quinze minutos de fama” (Andy Warhol
calculou mal a que nível as coisas poderiam chegar!). Mas é a realidade. Seria
maldade colocar o BBB em sinal fechado. A população menos favorecida ficaria privada da
diversão e o programa não venderia tanto. É entretenimento para quem gosta (os
índices o provam). Um grande lixo, mas tem quem goste.
Quanto à concordância com o Veronese, “TV é
concessão de Estado”! Isso é sempre bom lembrar, pois muitos acham que qualquer
ingerência institucional sobre o conteúdo a ser mostrado pelos programas nas Tevês
de sinal aberto, poderia sugerir algum tipo de censura, o que é proibido pela
Constituição Federal e legado da nova democracia brasileira. Mas outros países
mostram que sem Governança, o autogoverno, com metas educacionais, não se fará uma TV de qualidade, onde se tenha de
tudo um pouco, além apenas de distrair o público. No Brasil é o contrário –
possuidores de um ensino público de péssima qualidade - ainda concedemos canais
a quem não se propõe a educar. Ah, tem o “Globo Ciência”, o “Globo Ecologia”,
“O Globo Rural”, mas em que horário? Até onde lembro, domingo, a partir das
seis da manhã (quando todos os trabalhadores -ou a maioria - dormem no seu
único dia de descanso). Ou seja, que tem programa educativo, tem, mas não em
horário nobre. O anunciante quer audiência e essa é definida mais pelos hábitos
da população (hora do café, almoço, jantar). Praticamente tudo que for colocado
na programação, nos momentos de reunião das famílias em torno da mesa e nos
horários de lazer, será definitivamente absorvido, consumido pela audiência. A
qualidade do conteúdo, não é definida pelo público, no que também concordo com
a entrevista que ora comento. É o contrário – as concessionárias, têm pois, a Responsabilidade
Social (sim, com maiúsculas) de fazer de sua concessão estatal, algo que
contribua para o entretenimento e educação. Informar não é apenas reproduzir os
fatos ocorridos. Informar é criar também, senso crítico, desenvolver a
capacidade de se posicionar, de ter acesso ao c-o-n-h-e-c-i-m-e-n-t-o!
Hoje sou anti-novela, nunca assisti BBB,
detesto o Bial, odeio o Faustão, não suporto o Gugu, desligo na Ana Maria
Braga. Isso foi uma escolha minha, pessoal, nada contra quem gosta. Por ter
acesso a canais estrangeiros, em inglês e francês, consegui comparar a mesma
notícia, veiculada por três países diferentes. As que o Brasil mostrava, eram
“pasteurizações” daquela mostrada nos outros países, muito mais precisas. Tudo é muito manipulado,
desde números a fatos. Tudo é mostrado em tom de “Repórter Zero”, com
solenidade do estilo "estamos em guerra", para que o país fique sempre muito, muito preocupado. Com tudo. As chamadas prévias deixam o coração do brasileiro sobressaltado e, portanto, fica tudo comprovado
com a notícia de abertura: “Homem é morto
a sangue frio por ladrões em posto de gasolina"! Uau! Será que merecemos
mesmo tanta manipulação? Trabalhar o dia inteiro feito louco, enfrentar
trânsito, stress, cansaço, para terminarmos o nosso dia sentindo medo? Eu não
sei se alguém já experimentou se “alienar” um pouco, mas no dia em que decidi
não mais assistir a essa baboseira, minha vida deu um salto de qualidade enorme.
Qualidade de vida. Vi que o mundo não estava acabando, que nem toda doença é
incurável, que notícia se fabrica, se cria se inventa qualquer pessoa do ‘metier’
sabe disso, e olha que nem é o meu. Eu, porém, tinha opção, uma TV a cabo. Mas
e os outros, que consumem tudo como pizza "goela abaixo"?
Carlos Nascimento, o repórter, diz sobre o caso
"Luíza", que "já fomos
mais inteligentes»... concordo, em termos, apesar da contradição - Mas e será
mesmo que já fomos? E se o fomos um dia, quando foi isso? E foi a TV Globo quem disse isso? Voilà a contradição. Ora,
a TV brasileira talvez seja das mais "emburrecedoras" do
mundo. Deve perder para a americana, que apesar de ter boas séries, tem muito “besteirol” (A NHK do Japão deve ter uns 10 programas de Karaokê por dia - coisa grande por lá!).
A net, porém, é diferente. Nem é concessão e nela não se filtra nada e por sua vez, pega tudo e infla, na
velocidade do som ou pior... se for bom, vai, se não for, vai assim mesmo! E lá se foi "Luíza", sem que soubéssemos por quê. Mas ficamos assim, vivendo da "última" que "rolou" na novela,
no BBB, na Internet. Pedra sobre pedra, vamos construindo nossa realidade, que
é só essa aí, mesmo. Nossa ausência de valores outros do que a propaganda do Mastercard, o fato de acharmos que tudo deve ter um preço a ser pago, com
dinheiro mesmo e até quando não tem, a gente registra - Um céu azul, "não tem preço"! É nisso que dá, viver só "do pão e para o pão". Afinal, não passamos o dia atrás dele? Quer mais mediocridade
do que isso? O mundo vai,
pois, virar, apenas uma grande "padaria"!
A seu momento, a TV sem governança, sem autorreflexão sobre a importância de sua missão, sem diretrizes institucionais, sem compromisso
com seu papel, vai continuar a vender "o pão de cada dia" consumido pelo brasileiro, empobrecendo a mente de um povo que tem potencial
para acompanhar a China e a Índia, na arrancada para o futuro das maiores
nações do planeta com a vantagem de sermos melhores, mais unidos, mais justos,
apesar de tudo, do que as outras duas. Mas acho que não basta, para isso, que
apenas fiquemos ricos. Temos que ser mais apenas do que o “pão” pois não
queremos nem só ele, nem o “circo” do entretenimento. Temos que consumir cultura e varrer o lixo da TV é também Responsabilidade
Social e Ambiental, de quem Concede e de quem é Concedido. Assim mesmo, com
maiúsculas.
Reciclagem já!
* Link da entrevista de Antônio Veronese: http://youtu.be/lzefF9i_Ucw
Obs. Quanto à grafia de algumas palavras, registro que ainda não domino as mudanças do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa!
* Link da entrevista de Antônio Veronese: http://youtu.be/lzefF9i_Ucw
Obs. Quanto à grafia de algumas palavras, registro que ainda não domino as mudanças do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa!